Filosofando com o youtube

9 de junho de 2012 § Deixe um comentário

Esses dias tenho me encantado com as falas de pensadores, artistas, psicanalistas e outras figuras brilhantes brasileiras, acessíveis pelo Youtube. Descobri Márcia Tiburi, Flávio Gikovate e entre outros, redescobri Lobão. Porque não tem um que não o conheça, claro. Mas já fazia tempos que não sabia dele. E eu mesma já não sou aquela de alguns anos atrás, entretida com a arquitetura, quando ele empreendia as críticas ao jabá nacional, lançou sua revista Outracoisa e tudo mais que me passou despercebido nos anos de 2000 e poucos.

Esta conversa com ele no contexto do Café Filosófico é impagável e me fez entender mais de mim mesma, estando fora do país. Obrigada, Lobão!

E mais,

Finalmente percebi, ou resolvi admitir, que estou com saudades de casa. Início de férias, sem muitas esperanças de estar no Rio tão cedo… E ver minha sobrinha linda, por exemplo, com quem falei hoje pela primeira vez. Já nos seus quase 6 meses de idade.

Ela já usa skype

Notícias randômicas de dentro do meu casulo

8 de junho de 2012 § Deixe um comentário

Aqui não há grandes catástrofes naturais mas, na minha vã experiência de metereologista, por muito pouco não ocorrem furacões. Hoje venta tanto que mal se pode sair na rua. Eu tinha planos de resolver coisas até umas dez da noite, no centro, e depois que me abriguei não tive mais coragem.

À tarde, subindo o viaduto da Centraal, me juntei à fila de ciclistas empurrando suas bikes, contra um vendaval de arrancar telhados. Em vão tentávamos tomar o controle e pedalar novamente. Fiz tudo de olho fechado, me sentindo num dos Sonhos do Kurosawa (aquele em que um grupo de viajantes sobe uma montanha, sob uma nevasca que vai matando um a um. Não faz frio hoje, pelo contrário, um dia lindo; mas a natureza está demonstrando um ímpeto de se admirar).

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Já devo ter comentado aqui que não é a toa que tantos artistas holandeses usam o vento como musa, como mídia ou como força motora nos seus trabalhos. Theo Jansen é talvez o mais conhecido internacionalmente.

E até hoje não sei qual o melhor canal de notícias holandês. Talvez o Nu.nl? Vou já pesquisar. Porque ainda não ouvi falar de nenhum acidente, mas acredito que a esta altura os aeroportos pelo menos devem estar com vôos suspensos.

O que há com este mundo?

8 de junho de 2012 § 2 Comentários

Não deve ser apenas minha a sensação de que as coisas não vão bem. Não quero aqui somente desabafar minhas recentes decepções ou dificuldades pessoais. Tenho notícias do Rio e daqui, de amigos, familiares e conhecidos vivendo verdadeiras provas existenciais. Hoje lembrei que era o ano de 2012, o falado momento de reviravolta astral, do qual eu sempre gozei, imaginando que estava preparada e disposta a tudo o que vinha por aí.

Não, não estava mesmo. Fui mal na faculdade, depois de total dedicação, o que me dá uma dor fenomenal. Agora entrei de férias e quero botar corpo e mente em ordem. Mas sinceramente não sei como. Há um ano atrás eu já entrava nessa encruzilhada, mas acreditei que por agora já estaria resolvida. E não, segundo a Susan Miller ainda tenho alguns meses de penitência pela frente: até outubro, quando saturno sai da minha casa astral.

Albert Dürer, Melancolia, 1514

Conversando com um e outro amigo, me dei conta de alguns aspectos da presença deste planeta. Na mitologia romana, saturno (correspondente ao grego Cronos) engolia seus filhos, na suspeita de que poderia vir a ser superado um dia por alguns deles.

“Cronos casou com a sua irmã Réia, que lhe deu seis filhos (os Crónidas): três mulheres, Héstia, Deméter e Hera e três rapazes, Hades, Poseidon e Zeus. Como tinha medo de ser destronado, Cronos engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos exceto Zeus, que Réia conseguiu salvar enganando Cronos enrolando uma pedra em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a troca.”

Ora, relembrar este mito fez todo o sentido para mim no ano passado!

Na história da arte, Saturno é representante da melancolia, estado de espírito de tristeza e pesar. Vide a gravura de Dürer que até hoje instiga diferentes interpretações. Mas é consenso creditar a saturno também a sabedoria. Como se o dom do saber, trouxesse também uma parcela de sofrimento.

Também o sábado é o dia consagrado a Saturno. Saturday, zaderdag…

Para completar meu mal estar generalizado, caí na tentação de assistir à série “Breaking Bad”, agora na quarta temporada. Foi culpa do meu namorado, que se diverte vendo a transformação daqueles personagens, de homens decentes em criminosos e todas as suas oscilações com o desenrolar da história. Dá uma agonia de ver, cada capítulo, todos os personagens revelando suas fraquezas, seus erros, seus becos sem saída.

Pelo menos de uma coisa não posso reclamar, estou ao lado de alguém incrível, que me abraçou num momento dificílimo e não liga ao me ver escrevendo altas horas da noite, como agora mesmo, quando as preocupações vencem o meu sono.

Elderflower cordial

5 de junho de 2012 § Deixe um comentário

Após minha apresentação fatídica na faculdade – da qual posso falar num outro momento, ainda está muito fresca, foi sexta passada – agora só me restam as férias. E a oportunidade de fazer o que quero, inclusive encontrar o sonhado emprego.

Hoje dando uma volta no Westbroekpark consegui colher umas flores de sabugueiro para preparar no jantar. Sim, provei-as fritas, à milanesa, outro dia, quando estive expondo no estúdio FoAM em Bruxelas (que espaço maravilhoso! postarei umas fotos em breve) e me encantei por aquelas florezinhas cujo nome ainda não sabia.

Custei a descobri-lo, pois me deram o nome holandês (vlierbloemsen) que por azar não tive a oportunidade de anotá-lo. E depois disso não tive tempo de pesquisa-lo. Mas desde então tenho reconhecido o arbusto pelas ruas de todo o país (sim, estes nas fotos eu fotografei em Enschede), desabrochando fartamente. Já contei aqui a minha recente vontade de descobrir as flores comestíveis e divulga-las na forma de um banquete. Pois foi hoje em que fiz a minha primeira tentativa, com a técnica milanesa também! Segui esta receita aqui.

As flores devem ser cuidadosamente lavadas e passadas na mistura de ovos e farinha. Uma pitada de sal e uma derramada de cerveja escura também é recomendado. Mas eu só tinha cerveja clara, o que caiu igualmente bem. A fritada é rápida e não requer muito óleo. A consistência lembra levemente a couve-flor quando frita no mesmo estilo. Mas a textura é mais crocante, leve, e o sabor mais perfumado.

E fiz o chá também! É ele que se chama Elderflower cordial ou Elderberry lemonade para os anglófilos. Vou prová-lo agora.

Onde estou?

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