Sonhos

Acordei no meio da noite de um sonho com a minha gatinha, que veio a falecer há dois anos atrás, um ano e pouco depois que vim pra Holanda em 2009.

Estive no Rio para o natal de 2010 e pude presenciar sua partida, com todas a melancolia e dificuldades que foi aquele momento.

Essa experiência ainda me dói e os sonhos de culpa são recorrentes. Nos sonhos eu sempre estou longe de casa, esquecida de sua existência e volto dias depois imaginando se ela ainda está lá, viva ou quiça, faminta, abandonada.

Gostaria mesmo que fosse diferente, mas ainda lamento não ter conseguido traze-la comigo, não ter cuidado dela e que ela tenha definhado, velhinha, como que de greve de fome, na casa da minha amiga que a adotou depois que parti.

Emoções se misturam nessa minha vinda à Holanda. Muitas descobertas e muitas despedidas também. Como que se eu precisasse pagar um preço bastante caro pela minha realização profissional, que de fato veio a ser um caminho de descoberta pessoal também.

Expanded Performance

Dia 16 apresentei meu projeto na série “Expanded Performance”, do Stroom Den Haag, dia também do finissage. Levei meu instrumento de comunicação táctil. Eu sentada de um lado, convidava os participantes a sentarem-se no outro.

Quando propus esta versão para o Stroom, decidi entitula-lo “Approximation” e cada vez mais gosto do nome. Tenho sempre dificuldade para decidir títulos…

A experiência acontece de olhos fechados, mãos conectadas ao sistema de elásticos que controlam o movimento dos dedos. Eu dou os primeiros toques, o participante deve seguir, transferir o meu movimento de uma mão para a outra. Formando um circuito de toques que são espelhados de cada lado da estrutura.

Devo ter recebido pelo menos umas quinze pessoas. Apenas uma senhora pediu para interromper o experimento, alegando dificuldade e quase me passou um pito. Sim, existe um grau de aprendizado nesse trabalho, que eu também espero, quero desenvolver nos participantes. Mas a maioria das pessoas topou o desafio e achou graça.

Fotos do Mike Rijnierse.

Tempo

Comecei hoje o projeto da coreógrafa Marina Mascarell no Korzo. Ficaremos estes dois meses (auge do inverno!) trabalhando neste estúdio na foto, no belíssimo teatro re-inaugurado ano passado, no centro em Haia.
Estou feliz de participar como cenógrafa e acompanhar de perto o processo de criação de dança, de alguém cujo trabalho eu admiro muito. O projeto chama-se “A Irrealidade do Tempo.” Aguardem mais updates!