FREMD!

29 de agosto de 2013 § Deixe um comentário

Hoje nasceu a nossa fundação (stichting): FREMD. Como o Mike disse, “o nosso casamento profissional”. Assinamos a sua abertura e registro, num notário em Arnhem (o que por si só foi uma cerimônia curiosa, num escritório de advocacia super bacana, cujo escrevente foi de uma extrema formalidade, mas sem faltar com a sutil gentileza holandesa).

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Agora vamos pesquisar, programar eventos, realizar projetos sob o nome FREMD. Nossa casa vai ser o núcleo dessa iniciativa, mas não o local geográfico, e nem “espaço de exposição” (aliás evitaremos o uso do termo “galeria”, pois ele está carregado de sentidos que não queremos para a nossa iniciativa). Queremos tudo, criar, cultivar, apresentar experiências multi sensoriais, híbridos de instalação-palestra-performance-refeição-projeção-audição… e o que mais a mente e o corpo puderem inventar. Amigos e colaboradores serão bem vindos.

Poucos, mas substanciais eventos acontecerão ao longo de um ano.  Primeiro passo: criar um cheiro que seja o nosso cartão de visitas. O site fremd.nl vai entrar no ar em algumas semanas (URL já registrado). E demais projetos a serem anunciados brevemente.

 

O corpo consciente

27 de agosto de 2013 § Deixe um comentário

Estou confirmada como artista participante deste workshop em Paris! The Conscious Body 2

De 30 de setembro a 6 de outubro, estaremos reunidos, 10 cientistas e 10 artistas, para discutir o processo cognitivo de bailarinos e a empatia da platéia (através dos neurônios espelho).

De volta

22 de agosto de 2013 § Deixe um comentário

Estou de volta à Holanda, depois de quatro semanas no Rio. E já se foram quatro anos fora do Brasil. Me formei. Quero ficar mais. Não sei quanto tempo. É estranho, nunca imaginei ao vir pra cá que tudo, absolutamente tudo, mudaria. Mas novos projetos se iniciam aqui.

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Vi pouca gente no Rio, mas consegui curtir meus pais e meus sobrinhos. Enquanto tento um novo visto, fico de lá pra cá entre papéis, emails, carimbos, telefonemas, pagamentos, tentativas e erros… Cheia de ansiedade e de esperanças. Faz um tempo gostoso na Holanda, a gente até esquece que isso é uma geladeira a maior parte do ano.

O Itamaraty do Rio

13 de agosto de 2013 § Deixe um comentário

De vez em quando você precisa legalizar um documento no Ministério das Relações Exteriores. No Rio de Janeiro isto é feito no Palácio Itamaraty, um deslumbrante sítio arquitetônico esquecido no centro do Rio. Poucas pessoas que ali entram, no entanto, e modestamente percorrem os seus jardins, conseguem experimentar o que uma boa arquitetura oferece à gente. Sob os olhares desconfiados dos seguranças, a maioria que ali se espreme na fila, está com pressa. Comunicam-se com os funcionários locais através de grades e são orientados a aguardar em pé até que gritem os seus respectivos nomes. Não estou exagerando, eu o vivi literalmente na semana passada. Esses visitantes então mergulham em seus telefones celulares, olham para o infinito, o chão. Ignoram as colunas onde se encostam, ou os desenhos da cerâmica em que pisam. A poucos metros dali, os cisnes se limpam ao sol, a luz é filtrada pelas palmeiras e pelas arcadas deste  edifício neo clássico concebido com amor e precisão. Um funcionário passa pelo outro lado do lago, os seguranças permanecem sisudos e tristes (por quantas horas por dia?) e ninguém percebe o óbvio. Ninguém repara e nem quer saber que espaço é aquele. Na apreensão do dia a dia, quase ninguém tem o tempo de se admirar.

(fonte: wikipedia)

‘Ter esse tempo’ não significa necessariamente ‘tomar tempo’, interromper um projeto ou um compromisso importante. Tem algo por trás disso que remete à formação da sensibilidade. Entrar num edifício como este deveria ser sempre um instante de arrebatamento. E se isso não acontece pode ser porque estejamos embrutecidos. A arquitetura clássica sempre foi pensada para enobrecer a experiência humana. A forma como os trajetos, a perspectiva, a presença da luz e as proporções da estrutura nos afetam, não é uma questão intelectual. É uma experiência estética que todos nós poderíamos ter, intuitivamente, se estivéssemos suficientemente porosos, sensibilizados. O edifício do Itamaraty pede para ser percorrido, tocado, explorado. Não falo por romantismo ou por um gosto elitizado, mas falo de uma sensibilização que se pode ser desenvolvida desde a infância. O corpo é equipado para ver, ouvir, cheirar, mover-se, sentir, de forma rica e prazeirosa. Em casa, na escola e em toda a cidade, deveríamos nos desenvolver como seres sensíveis e sempre aprimorar nossos sentidos. Mas isso requer intenção e dedicação. Uma tomada de consciência que muitas vezes é tida como futilidade.

Existem prazeres que custam quase nada, uma fruta, um passeio a pé, dançar, mas nos acostumamos a reconhecer como prazer aquilo que nos é oferecido para consumir. Até porque uma cidade como o Rio hoje não nos permite fazer escolhas, porque para tal precisamos de uma consciência mais ou menos tranquila. Vivemos em tamanha hostilidade urbana, que sentir tornou-se um luxo. A administração da cidade do Rio de Janeiro é baseada na emergência e não tem uma intenção, uma missão. Ou se tem, deve ser a da distração. Somos tão oprimidos pela violência, a corrupção, o consumismo, que não percebemos que de fato estamos deprimidos. Tudo cansa e por isso buscamos nos distrair, na televisão, no futebol, porque é o que temos como identidade cultural. E porque pensar outras vivências não está em questão, aliás daria muito trabalho.

(fonte: funag.gov.br)

Para chegar ao Itamaraty, o pedestre precisa atravessar a barreira do mau cheiro e do abandono. Confesso ter tido medo de ser assaltada, cheguei de ônibus e fui praticamente correndo pela Av. Marechal Floreano. O estado de conservação do edifício também não é dos melhores. Além das fachadas deterioradas, veem-se instalações elétricas e encanamentos improvisados ou quebrados. Enfim, isso não importa, o cidadão não é bem vindo. Parece que o Itamaraty oferece visitas guiadas (oportunidade que nunca tirei) e volta e meia abriga conferências. Mas não encontramos informações concretas no seu website, só em sites sobre turismo no Rio. Como o do Rio de Janeiro Aqui:

Av. Marechal Floriano, 196 – Centro
Tel. 2253-2828 Fax. 2253-7691
Seg, Qua, Sex, 14h, 15h e 16h – Visitas guiadas
Visitas monitoradas com duração de 45 minutos
Entrada franca

Os indivíduos que vão por motivos burocráticos nos dias úteis e encontram este santuário perdido, deveriam no mínimo ter o direito de sentar-se ou aguardar seus processos de forma proporcional à beleza do edifício. Por que será que não existem assentos ou mesmo um salão inteiro para aguardarem à sombra? Por que não adotaram um sistema de senhas e não deixam o público aproveitar um pouco daquela espera, ao ar livre, usufruindo daquele jardim? Mas claro, na cidade partida isso não interessa. Vivemos a cultura do medo e da opressão. Somos todos ameaçados, somos todos suspeitos, somos vândalos. O Palácio Itamaraty, como edifício público e como legado artetônico, com todo o seu aparato de seguraça, tinha o dever social de ser exposto e explorado para fins culturais e educacionais. Ele precisa ser descoberto e redescoberto por todos os cariocas, brasileiros e estrangeiros que ainda tenham dois olhos, dois ouvidos e uma pele de qualquer cor.

Em tempo: o neo clássico foi uma estilo adotado no século XIX para edifícios públicos então construídos nas principais capitais brasileiras, tendo como referência a cultura clássica (Grécia e Roma antigas) para as questões da vida cultural, política e jurídica. São mais ou menos do mesmo período no Rio, a Biblioteca Nacional, a câmada dos vereadores, a assembleia legislativa, o Museu de Belas Artes, o Theatro Municipal etc. Muitos deles baseados em originais franceses. O Palácio Itamaraty foi construído entre 1851e 1855.

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No Rio

12 de agosto de 2013 § Deixe um comentário

Estou no Rio. Revendo os amigos, renovando documentos para um visto na Holanda e acima de tudo, passando tempo com a família. Dentre os pontos altos e baixos da viagem estou revendo arte, arquitetura e políticas urbanas. Quis fazer uma lista do que me encanta e do que me entristece nesta cidade.

Sobe: Chelpa Ferro, Ronald Duarte, galeria Progetti

Desce: o mau estado das instalações do Planetário carioca, na Gávea. Monitores de sobra e manutenção de menos. Em pleno mês de férias quando visitei, julho, a cúpula principal “estava em manutenção”. Seja o que for, um conserto deveria ser realizado à noite ou em poucos dias, para atender ao máximo o público. A cúpula principal fechada nas férias demonstra falha de planejamento. Isso sim.

Sobe: Casa do Saber, sua missão e sua programação intensa – impressa num pequeno e belo catálogo semestral (só faltou um calendário ali) e disponível no site.

Desce: o mau estado e mau uso do Palácio Itamaraty, belíssimo edifício no centro da cidade que – devidamente guardado por suas atividades oficiais e extra nacionais – não permite a chance de ser apreciado e aproveitado, nem àqueles poucos que o visitam durante a semana. Os arredores do Itamaraty são também hostis, o lado negligenciado do Centro antigo, próximo à Central do Brasil, que mais afasta do que atrai os visitantes.

Sobe: O Dança em Foco, que começa esta semana e oferece uma programação vasta e acessível no Cacilda Becker e na Maison de France

Desce: as calçadas, o asfalto e o estressante tráfego no Rio

Onde estou?

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