Notícias felizes I

17 de outubro de 2015 § Deixe um comentário

Ess texto vem copiado da página do Antônio Gois, n’O Globo, para nunca se perder de vista

Professor assume colégio em bairro violento e dá início a reviravolta em favor dos alunos

por Antônio Gois

14/10/2015 06:01

Quando assumiu no ano passado a direção da escola municipal Darcy Ribeiro, em São José do Rio Preto (SP), o professor Diego Mahfouz Faria Lima encontrou um quadro desolador. Banheiros não tinham sequer o vaso sanitário, apenas um buraco no chão. Salas de aula estavam imundas, com sinais de incêndio e vidros quebrados. Nos fundos, mais de 300 mesas e cadeiras que haviam sido depredadas pelos alunos permaneciam lá jogadas. Uma área do colégio ficava sempre trancada, pois fora ocupada por traficantes, que escondiam cápsulas de maconha e cocaína em buracos no muro do local.

“Os alunos demonstravam sua insatisfação depredando a escola. Não gostavam de estar aqui, sentiam vergonha, não tinham nenhuma sensação de pertencimento”, relembra Diego. Sua primeira ação como diretor da escola foi conhecer melhor a comunidade do bairro Santo Antonio, onde ela está localizada. Ele aplicou um questionário a pais, alunos, funcionários e moradores do local para entender um pouco melhor as necessidades e sonhos de cada um.

Diante do cenário encontrado, ficou claro que era necessária alguma ação de impacto, e urgente, para iniciar a mudança. A equipe da escola decidiu primeiramente que ela passaria por uma reforma, para que os alunos fossem recebidos num ambiente mais acolhedor.  Diego enviou então um e-mail para várias escolas da região que haviam passado por reforma, pedindo doação de sobras de tinta e material de pintura. A prefeitura cedeu dois pintores, mas ainda era pouco.

Ao final de janeiro de 2014, em vez de bilhetes, um carro de som circulou pelo bairro chamando os pais para a entrega de materiais escolares. Uma aluna, ao ver uma sala de aula já pintada, se emocionou e abraçou a inspetora. No dia seguinte, essa inspetora já estava envolvida na pintura, num gesto que foi seguido por outros funcionários. “Começamos a receber materiais e tintas de todas as partes das cidades, e alguns pais pediam folga no trabalho para nos ajudar. Teve tanta gente envolvida que conseguimos pintar a escola inteira”.   No primeiro dia de aula, os alunos foram recepcionados por toda a equipe no portão. Num telão, puderam ver imagens de pais e funcionários da escola participando da pintura.

Para estabelecer a partir daquele dia outras normas de convivência, os primeiros dias de aula foram reservados para debater um novo regimento, com participação ativa dos estudantes, com o foco na mediação de conflitos.  Diego conta que, por semana, havia uma média de 60 suspensões por indisciplina. Com frequência, esses alunos suspensos acabavam evadindo, e houve ano em que mais de 200 de um total de 1.100 abandonaram os estudos. Com o novo código disciplinar, as suspensões acabaram, e, para evitar a evasão, a direção passou a procurar, um a um, os jovens que começavam a faltar com frequência. No ano passado, apenas dois largaram os estudos.
Nesse processo de transformação, a área antes ocupada pelo tráfico virou um jardim que voltou a ser usado pelos alunos. A escola passou a realizar atividades culturais nos finais de semana e nas sextas-feiras, dia em que a maioria dos alunos faltavam. Nesses dias, o colégio se abre para a comunidade, e qualquer morador do bairro pode se apresentar no projeto Prata da Casa.

Diego foi um dos dez vencedores do Prêmio Educador Nota 10 (das fundações Victor Civita e Roberto Marinho) e poderá ser escolhido Educador do Ano em novembro. Se vai ganhar, pouco importa. Difícil imaginar prêmio maior para um professor do que perceber que está fazendo, para valer, a diferença em favor de seus alunos.

No Rio

12 de agosto de 2013 § Deixe um comentário

Estou no Rio. Revendo os amigos, renovando documentos para um visto na Holanda e acima de tudo, passando tempo com a família. Dentre os pontos altos e baixos da viagem estou revendo arte, arquitetura e políticas urbanas. Quis fazer uma lista do que me encanta e do que me entristece nesta cidade.

Sobe: Chelpa Ferro, Ronald Duarte, galeria Progetti

Desce: o mau estado das instalações do Planetário carioca, na Gávea. Monitores de sobra e manutenção de menos. Em pleno mês de férias quando visitei, julho, a cúpula principal “estava em manutenção”. Seja o que for, um conserto deveria ser realizado à noite ou em poucos dias, para atender ao máximo o público. A cúpula principal fechada nas férias demonstra falha de planejamento. Isso sim.

Sobe: Casa do Saber, sua missão e sua programação intensa – impressa num pequeno e belo catálogo semestral (só faltou um calendário ali) e disponível no site.

Desce: o mau estado e mau uso do Palácio Itamaraty, belíssimo edifício no centro da cidade que – devidamente guardado por suas atividades oficiais e extra nacionais – não permite a chance de ser apreciado e aproveitado, nem àqueles poucos que o visitam durante a semana. Os arredores do Itamaraty são também hostis, o lado negligenciado do Centro antigo, próximo à Central do Brasil, que mais afasta do que atrai os visitantes.

Sobe: O Dança em Foco, que começa esta semana e oferece uma programação vasta e acessível no Cacilda Becker e na Maison de France

Desce: as calçadas, o asfalto e o estressante tráfego no Rio

Filosofando com o youtube

9 de junho de 2012 § Deixe um comentário

Esses dias tenho me encantado com as falas de pensadores, artistas, psicanalistas e outras figuras brilhantes brasileiras, acessíveis pelo Youtube. Descobri Márcia Tiburi, Flávio Gikovate e entre outros, redescobri Lobão. Porque não tem um que não o conheça, claro. Mas já fazia tempos que não sabia dele. E eu mesma já não sou aquela de alguns anos atrás, entretida com a arquitetura, quando ele empreendia as críticas ao jabá nacional, lançou sua revista Outracoisa e tudo mais que me passou despercebido nos anos de 2000 e poucos.

Esta conversa com ele no contexto do Café Filosófico é impagável e me fez entender mais de mim mesma, estando fora do país. Obrigada, Lobão!

E mais,

Finalmente percebi, ou resolvi admitir, que estou com saudades de casa. Início de férias, sem muitas esperanças de estar no Rio tão cedo… E ver minha sobrinha linda, por exemplo, com quem falei hoje pela primeira vez. Já nos seus quase 6 meses de idade.

Ela já usa skype

Mulheres que vão fazer a sua cabeça

6 de maio de 2012 § Deixe um comentário

Esses dias eu tenho matado a saudade do Brasil assistindo a vários vídeos e entrevistas online. Seja o Rodrigo Constantino nas suas precisas falas sobre o panorama nacional ou internacional; seja o programa do (chato) Jô Soares, por exemplo recebendo diversas vezes Derci Gonçalves (que figura admirável) ao longo de seus muitos anos. E depois desta, que encontrei por acaso hoje, decidi inaugurar aqui a série Mulheres que vão fazer a sua cabeça.

Pois realmente volta e meia me deparo com uma personagem notável da vida real, que além de contribuir profissionalmente para o seu campo de trabalho – seja através da arte, da psiquiatria, da arquitetura, do direito ou qual for o meio – ela pode ser um exemplo de caráter, propondo valores que engrandecem o mundo e a humanidade. Eu andava planejando esta lista há algum tempo. Posso citar de pronto algumas das senhoras que admiro há anos, como Nise da Silveira, Maia Deren, Carmen Portinho, Delia Derbyshire… Algumas brasileiras, outras gringas. E com efeito esta lista vai ser longa. Pessoas que souberam usar seu tempo, sua energia, sua criatividade, em prol de um mundo mais são e bonito.

Hoje fiquei conhecendo esta mulher de quem virei fã em poucos minutos, Maria Berenice Dias, juíza aposentada, que continua ativa, hoje como advogada, propondo leis em defesa dos gays – pelo direito de amar – o termo que ela usa é “direito homo-afetivo”. Com vocês a mulher do dia, entrevistada pelo sem-graça Jô Soares:

O mundo é de quem faz o mundo!

Onde estou?

Você está navegando atualmente a Brasil categoria em Na Holanda.