Notícias do bunker

Enquanto tentávamos dormir, por volta das duas da manhã de hoje já, passamos por uma experiência pré apocalíptica, nós aqui em Scheveningen. Foi um temporal que nunca vi antes, pelo menos na Holanda, onde chove todos os dias praticamente.

Quando me levantei para conferir da janela da cozinha, ocorreu-me de fazer um inocente pipi. E foi quando eu voltei para a cama, percebi que a descarga havia disparado, que não parava mais, engasgada consigo mesma.

Foi uma visão desconcertante. Chamei meu namorado, que acordou num pulo e percebeu que o chuveiro também engolfava. E daí a pia da cozinha. Um misto de desespero e de impotência, nos fez aguardar, torcer para que a chuva parasse logo. Da cozinha víamos que o quintal já estava um tanto alagado.

Eu só pensava na minha avó, que volta e meia gosta de me lembrar do aquecimento global e do fato de que estou vivendo em terras baixas. Ironicamente, parece que Scheveningen nem é o nível mais baixo de todos. Ouvi dizer que o pessoal em Gouda é que está em perigo constante. A dificuldade maior dos outros é que nos dá um pouco mais de conforto nas horas difíceis.

Bom, como toda chuva de verão esta não durou muito e em poucos minutos pudemos iniciar uma faxina na casa, que deve ter acabado umas três da matina. Antes que vocês morram de curiosidade, a água que subia das profundezas não era necessariamente a visão que eu teria de esgoto. Mas sim uma água acinzentada, contendo papel, e não tanta massa fecal como se poderia imaginar. Não, não fiz fotos!