Flexor

31 de julho de 2013 § Deixe um comentário

Registro da semana de 6 a 13 de julho (KABK’s graduation show 2013).

 

Depois de 20 dias de montagem, exame final, cerimônia de entrega de diploma, completamos uma semana de exposição na KABK. Não sei quantas pessoas por dia, entram aquele prédio, entre as 12 e as 21 horas e encontram mais de 250 exposições.
Minha experiência com o comitê de examinação foi dura. Penosa. Mas depois de uma semana de contato com o público, pude testar e aprender mais sobre o meu próprio trabalho.

Artscience preview

9 de maio de 2013 § Deixe um comentário

Artscience preview

Exposição em uma semana!

Testando webfliers.

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Como melhorar a concentração

6 de março de 2013 § Deixe um comentário

Tenho ficado mais e mais horas com o laptop, seja no meu colo, deitada na cama, no sofá, na pia da cozinha e até no banheiro. Levo-o comigo aonde vou. Sento com ele na faculdade. Também lá posso utilizar um desktop, e mais confortavelmente fico mais horas. Às vezes só saio da sala de computadores às 21:30, por que os funcionários estão fechando as portas. Respondo meus emails quase que instanteneamente, trabalho em projetos gráficos meus ou de outrém, escrevo minha tese ou escrevo para três blogs diferentes, tenho evitado ficar muito tempo no facebook; leio as notícias de diferentes canais, tento escaneá-las ao me próprio gosto; tento saber mais, ler mais, sempre mais etc etc. O computador é minha ferramenta, minha extensão e meu cérebro. Também tenho um caderno, pequeno, compacto, sem pauta; precioso recurso para o pensamento. Carrego todos e faço uso de todos ao mesmo tempo, sem critério. Faço tudo numa tal urgência que tem me dado a sensação de que não tenho controle das coisas que eu mesma impus pra mim. Percebo que a vida requer momentos de nada, ou de quase nada, em que a mente possa se reencontrar.

Preciso distinguir o que é realmente urgente e aprender a ignorar tudo aquilo que não importa no presente. E não aceitar mais compromissos. Fazer escolhas! Quem faz de tudo não faz nada. No fim das contas, dedico muito pouco tempo para o meu principal projeto, minha pesquisa e o desenvolvimento do meu projeto final. Sinto-me frustrada, porque parece que não tenho controle do meu maior objetivo. E de fato aprendi numa aula nova, (excelente curso que a academia impôs para os graduandos, Arte do Negócios, ou lições de empreendedorismo para artistas) que o artista pode se perder, consumindo toda sua energia em infinitas comunicações, contabilidade, network, tudo pelo precioso trabalho – o qual eventualmente só vai se concretizar em poucas horas de concentração, num contexto que precisa ser criado e preservado.

Às vezes minha mente funciona muito bem de manhã cedinho. Posso ler algum texto mais denso. Às vezes acordo no meio da noite, sem razão. (Talvez seja a digestão, de um jantar que só pude ter ao chegar em casa, por volta das onze da noite. E com a idade, parece, o corpo leva mais tempo mesmo. Ouço minha barriga trabalhar. Penso que estou comendo demais, na pressão de tempo, de espaço, de grana). Ponho-me a trabalhar mentalmente, planejar o dia ou resolver alguma questão do dia anterior, deitada no escuro.

Ah, como gostaria de pensar menos! Apenas aceitar mais as coisas como são e não me preocupar tanto. Quem sabe um dia vou perceber que todo este esforço foi de fato monumental e que fiz muito mais do que eu pensava.

Também tenho lido muito pouco os livros que gostaria de ler. Quantas horas são necessárias para o trabalho criativo! Mas para se trabalhar nelas, a mente também precisa de espaço. E como buscar este espaço, uma certa disciplina, é que eu gostaria de aprender. Às vezes penso que um esporte me ajudaria a me concentrar. Mas nem isso consegui resolver ainda. E não fumo, mas creio que os fumantes se beneficiam em parte pelo fato de fazerem pequenas pausas para um cigarro. Penso que pra cada pessoa deve haver uma solução diferente. É preciso descobrir seu próprio método e também reinventa-lo de tempos em tempos. Dizem que é bom ouvir o coração.

Cinestesia

11 de novembro de 2012 § Deixe um comentário

Me perdoem a ausência por aqui. Até tenho escrito bastante, mas não sobre a vida, ou sobre a Holanda… Até criei outro blog esta semana! Agora em inglês e dedicado à minha tese de graduação sobre propriocepção e cinestesia. Envolve um pouco de performance, dança, corpo humano, neurologia…

Propriocepção também denominada como cinestesia, é o termo utilizado para nomear a capacidade em reconhecer a localização espacial do corpo, sua posição e orientação, a força exercida pelos músculos e a posição de cada parte do corpo em relação às demais, sem utilizar a visão. Este tipo específico de percepção permite a manutenção do equilíbrio postural e a realização de diversas atividades práticas. Resulta da interação das fibras musculares que trabalham para manter o corpo na sua base de sustentação, de informações táteis e do sistema vestibular, localizado no ouvido interno.

Inteligência corporal-cinestésica

Segundo a teoria das múltiplas inteligências, a Inteligência corporal-cinestésica refere-se as habilidades que atletas e artistas (especialmente dançarinos) desenvolvem para a coordenação desejada de movimentos precisos necessários para a execução de sua técnicas.

Um problema sério no desenvolvimento dessa inteligência é que segundo Howard Gardner a maioria das escolas se satisfazem com desempenhos mecânicos, ritualizados ou convencionalizados, isto é, desempenhos que desenvolvem as habilidades apenas levando o aluno a repetir o que o professor modelou.

Uma das técnicas mais usadas para o desenvolvimento da cinestesia é vendar os alunos para que com a ausência da visão eles se focalizem na cinestesia no uso de suas técnicas. Outro recurso muito utilizado é o uso de um ou mais espelhos ao redor do aluno durante os exercícios ou filmar o treinamento para que a visão sirva como feedback de como estão sendo feitos os movimentos.

Sensores

O conjunto das informações dadas por esses receptores sensoriais nos permitem, por exemplo, desviar a cabeça de um galho, mesmo que que não se saiba precisamente a distância segura para se passar, ou mesmo o simples fato de poder tocar os dedos do pé e o calcanhar com os olhos vendados, além de permitir atividades importantes como andar, coordenar os movimentos responsáveis pela fala, segurar e manipular objetos, manter-se em pé ou posicionar-se para realizar alguma atividade.

A propriocepção é efetiva devido à presença de receptores específicos que são sensíveis a alterações físicas, tais como variações na angulação de uma articulação, rotação da cabeça, tensão exercida sobre um músculo, e até mesmo o comprimento da fibra muscular.

Alguns dos sensores responsáveis por tais sensações são:

  • Órgãos tendinosos de Golgi, que são sensíveis à tração exercida nos tendões indicando a força que está sendo exercida sobre a musculatura, impedindo lesões.
  • Fuso muscular, que se divide em dois subtipos, fuso neuromuscular de bolsa, e de cadeia nuclear, sendo estes responsáveis pelo comprimento da fibra muscular no repouso(postura) e durante o movimento.
  • O labirinto, também conhecido por sistema vestibular, localizado no ouvido junto à cóclea, é sensível a alterações angulares da cabeça. As alterações podem ser no sentido vertical (rotação vertical, deslocamento do queixo para cima e para baixo) ou horizontal (rotação horizontal ou lateral, deslocamento do queixo lateralmente ou seja, direita e esquerda). Este sistema também atua na identificação da posição de todo o corpo, permitindo que alguém saiba se está deitado, em pé ou em qualquer outro posicionamento espacial. Perturbações no sentido de equilíbrio podem levar a correções inadequadas, que em casos extremos podem impedir a manutenção da posição vertical, além de causar vertigem e náusea.

Keeping together in time

31 de outubro de 2012 § Deixe um comentário

Achei este livro (mais um através da libgen.info), que me pareceu a maior inspiração até agora. Harvard University Press, 1995. Vou lendo pela telinha de 13′ até conseguir te-lo em mãos.

Saquem só o conteúdo:

E de vez em quando faço uma pausa, para curtir gifs animados.

Arte e participação

25 de outubro de 2012 § Deixe um comentário

Mais e mais referências para uma tese: Claire Bishop, historiadora, que escreveu Installation Art: A Critical History (London: Tate, 2005), Participation (London: Whitechapel and MIT Press, 2006), entre outros livros e artigos para publicações especializadas. Detalhe para a escolha da capa de Participation, o ritual da  “Baba Antropofágica”. Viva Lygia Clark! Tão desconhecida por aqui.

Achei o livro em PDF nesta fantástica biblioteca: libgen.info. (os links aparecem todos em russo, mas buscando em inglês, encontra-se de tudo). Outra grande descoberta.

Mais mulher, por favor

27 de setembro de 2012 § Deixe um comentário

Momentos de revelação. Fúria feminista, não sei. Levei tempo para confiar nas minhas ideias e persegui-las. Acho que foi saturno. Previsto até outubro. Saturno, ou Chronos, engolidor de filhos. A melancolia. Enfim, o verão por aqui já passou. Três meses de férias. Estive no Brasil, revi a vida por lá, a família, os amigos. Voltei. Não pude escrever por aqui neste ínterim.

Voltei para meu último ano de estudante de arte e de muita expectativa. Amanhã acontece a minha prova de recuperação. E só hoje a tarde consegui resolver várias questões criativas e técnicas, que me custaram noites e dias e euros de pesquisa.

Melancolia, de Albert Dürer

Ontem a noite, depois de testar meu projeto com dois amigos, não cheguei a resultado nenhum. Pelo contrário, me perdi. A noite, em casa, num momento de frustração completa, resolvi relaxar e espiar o trabalho de uma artista que conheci recentemente, a americana Daria Martin. Ela faz filmes num formato que podemos chamar de tradicional, 16mm, com um acabamento impecável. Ela estuda o corpo em relação aos objetos. O movimento no tempo. Um pouco do que venho pesquisado. E foi vendo trechos dos seus filmes que tive um estalo, a solução para a peça que mostrarei amanhã de manhã.

Resolvi fazer eu mesma uma performance com um dos aparatos que eu construí esses dias. Também chamei um colega para atuar comigo, como se meu espelho, que ao mesmo tempo é meu oposto. Treinamos hoje a tarde, conversamos. Ele estudou teatro. Tirou de letra e ainda me deu excelentes toques. Fizemos um ensaio para uma platéia de umas 16 pessoas. De repente, às quatro horas da tarde, eu estava pronta, muito antes da escola fechar (há três semanas que eu fechava a escola, todo dia, às dez da noite). E ainda por cima, confiante, estado que não conheço há meses.

Para explicar o projeto todo eu teria que contextualizar as coisas por aqui. Comecei um curso sobre “os outros sentidos”, aqueles considerados inferiores, desde Aristóteles: o olfato, o paladar e o tato. Vivemos uma cultura panóptica. Trouxeram palestrantes incríveis, como uma senhora antropóloga especialista em cinestesia como forma de aprendizado, leia-se, a dança como forma de pensar, Yolanda van Ede. E muitos outros que vieram e se foram num intervalo de três semanas. Dei-me conta de como faltavam mulheres dando aula no meu curso. Que refresco! Adoro e admiro os professores homens, mas quando surge uma professora brilhante, de personalidade forte e ainda pessoa fina, é como um bálsamo, umedecendo a aridez do Artscience. Sem contar, fiquei conhecendo outra figura sensorial, a Caro Verbeek, professora fixa do Artscience, mas que só hoje fui conhecer. Especialista em olfato e toque. Belíssima. E a Lígia Clark, gente? Desconhecida por aqui…

Buscando mais Daria Martin, agorinha mesmo descobri a dona Anna Halprin. Supostamente uma revolucionária professora de dança, que nos seus oitenta e tantos anos atua com gente de todas as idades – bem como Angel Vianna, pois é. É impressionante, quanto mais a gente sabe, mais coisas a gente descobre que não sabe. Poço sem fundo! Segundo João Moreira Salles, tudo que a gente pesquisa com profundidade se revela mais e mais interessante e belo. Já sei o qual vai ser minha tese de formatura! Fica pra outro post.

Viva a inteligência humana!

O que há com este mundo?

8 de junho de 2012 § 2 Comentários

Não deve ser apenas minha a sensação de que as coisas não vão bem. Não quero aqui somente desabafar minhas recentes decepções ou dificuldades pessoais. Tenho notícias do Rio e daqui, de amigos, familiares e conhecidos vivendo verdadeiras provas existenciais. Hoje lembrei que era o ano de 2012, o falado momento de reviravolta astral, do qual eu sempre gozei, imaginando que estava preparada e disposta a tudo o que vinha por aí.

Não, não estava mesmo. Fui mal na faculdade, depois de total dedicação, o que me dá uma dor fenomenal. Agora entrei de férias e quero botar corpo e mente em ordem. Mas sinceramente não sei como. Há um ano atrás eu já entrava nessa encruzilhada, mas acreditei que por agora já estaria resolvida. E não, segundo a Susan Miller ainda tenho alguns meses de penitência pela frente: até outubro, quando saturno sai da minha casa astral.

Albert Dürer, Melancolia, 1514

Conversando com um e outro amigo, me dei conta de alguns aspectos da presença deste planeta. Na mitologia romana, saturno (correspondente ao grego Cronos) engolia seus filhos, na suspeita de que poderia vir a ser superado um dia por alguns deles.

“Cronos casou com a sua irmã Réia, que lhe deu seis filhos (os Crónidas): três mulheres, Héstia, Deméter e Hera e três rapazes, Hades, Poseidon e Zeus. Como tinha medo de ser destronado, Cronos engolia os filhos ao nascerem. Comeu todos exceto Zeus, que Réia conseguiu salvar enganando Cronos enrolando uma pedra em um pano, a qual ele engoliu sem perceber a troca.”

Ora, relembrar este mito fez todo o sentido para mim no ano passado!

Na história da arte, Saturno é representante da melancolia, estado de espírito de tristeza e pesar. Vide a gravura de Dürer que até hoje instiga diferentes interpretações. Mas é consenso creditar a saturno também a sabedoria. Como se o dom do saber, trouxesse também uma parcela de sofrimento.

Também o sábado é o dia consagrado a Saturno. Saturday, zaderdag…

Para completar meu mal estar generalizado, caí na tentação de assistir à série “Breaking Bad”, agora na quarta temporada. Foi culpa do meu namorado, que se diverte vendo a transformação daqueles personagens, de homens decentes em criminosos e todas as suas oscilações com o desenrolar da história. Dá uma agonia de ver, cada capítulo, todos os personagens revelando suas fraquezas, seus erros, seus becos sem saída.

Pelo menos de uma coisa não posso reclamar, estou ao lado de alguém incrível, que me abraçou num momento dificílimo e não liga ao me ver escrevendo altas horas da noite, como agora mesmo, quando as preocupações vencem o meu sono.

vizinhos e fitas cassetes

21 de maio de 2012 § Deixe um comentário

Enquanto pesquiso, quantos achados! Documentários e projetos mil sobre a mídia fita cassete, das velhas fitas magnéticas que surgiram nos anos 50 ao walkman e ghetto blasters desde 1979 e à atual nostalgia de uma mídia obsoleta que tinha suas vantagens sobre o meio digital.

Conheça o antigo laboratório radiofônico da BBC e seus alquimistas do som:

(incluindo a obra de Delia Derbyshire!)

Um artigo “K7eurs – Tape’s not dead!” na arte.tv, sobre os artistas que hoje usam e experimentam com as fitinhas.

Um projeto que eu queria ter feito: Live Experiments in Human Energy Exchange, por Deb Todd Wheeler.

O processo de desintegração das fitas, por William Basinsky, (Disintegration Loops).

O mecanismo criado por Dick Raaijmakers em Der Fall Leiermann.

Dissecando walkmans

11 de maio de 2012 § Deixe um comentário

Desde que decidi usar fitas cassetes como meio de comunicação entre vizinhos de uma rua aqui em Haia, a Reitzstraat, para o meu projeto de fim de ano, mergulhei no mundo do walkman. Uma viagem no tempo e na eletrônica. A ideia inicial era apenas ligar os moradores de uma rua por algum sistema de linhas, cordas, que formasse uma escultura coletiva, saindo das janelas de suas casas. Era um mero pretexto para engajar as pessoas numa ação coletiva.

Vendo que ia gastar uma tremenda quantia só para comprar a corda, e quiçá eu teria uma boa escultura, resolvi testar fitas cassetes, que são bastante longas e baratas, e ainda acrescentam a dimensão sonora. Desde então, um universo se abriu para mim. Faz uma semana.

A possibilidade de gerar som, ao mesmo tempo que se interage com o vizinho do outro lado da rua, me inspirou um projeto ambicioso de hacking. Fui em busca de todos os tocadores de cassette da cidade, que estivessem abandonados ou comprei pelo preço que dava pagar.

Em poucos dias, muitas descobertas.

O antigo ghettoblaster ganhou um significado imenso para mim. Ainda tenho que estudar a cultura dele melhor.

O advento do walkman revolucionou relações sociais, culturais e econômicas. Assista aqui!

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