Por onde anda a comida holandesa?

6 de outubro de 2009 § 1 comentário

Meu pai outro dia me perguntou como era a comida daqui. E eu expliquei que era ótima, uma festa, que todo dia eu como um prato árabe, ou chinês, ou italiano, ou vietnamita e por aí vai.

Ouvi dizer que a cozinha holandesa (nederlandse keuken) nunca existiu. Pudera, eles são multiculturais há pelo menos 400 anos…

O dono do apartamento em que estou aqui em Rotterdam, o Joris (gente finíssima, que merece um post só pra ele em breve),  depois que eu perguntei sobre o assunto, ele se empenhou em procurar o que seria uma comida, ou um tira-gosto que fosse, verdadeiramente holandês. Ele até agora me mostrou um biscoito levinho, doce, com recheio de alguma goma e uma pitada de canela, chamado stroopwafel – vendido na feira, no quiosque da estaçao etc etc. Depois ele se lembrou de uma bala, de sabor indefinido, tipicamente holandesa. Provei e não me encantei, nem desgostei. O nome eu não lembro agora, mas ela vem nessa caixinha de papel, “Old Timers”, na foto (que não ficou muito bem focada). E no dia seguinte ele se lembrou desta torradinha redonda aí, cujo nome tambem me escapa, que é comum no café da manhã, com geléia ou outros acompanhamentos. Nenhum gosto especial, aliás totalmente gosto. O próprio Joris chamou de “boring”. Fora isso eles também comem alguns queijos envelhecidos (esses sim, as melhores iguarias) que devem ser comuns em toda Europa e pindakaas (pasta de amendoim), que penso ser comum no mundo todo.

Enfim, eu diria que estou comendo muito bem por aqui. Muito sanduíche, pizza turca (dürum pizza), saladas e uns legumes que faço em casa, quando consigo tempo. Ah, e batata frita, devo confessar. Tem em todas as esquinas!

Tudo fluindo, principalmente o meu dinheiro

30 de setembro de 2009 § 1 comentário

Precisamos muito nos mudar pra Haia. Amanhã completo um mês e Nicolau 20 dias aqui na Europa. Todos os dias são pelo menos 15 euros que se gastam em trens e comida na rua.

A maior rede de alimentos aqui é o Albert Heijn. Existe uma loja deles em cada estaçao ferroviária e em muitos pontos da cidade também. Tem tudo pronto para comer; saladas, sanduíches, iogurtes, sucos, biscoitos, doces etc. Não é exatamente caro, mas todo dia acaba sendo. E a apresentaçao é muito bonita, tudo fresquinho, embaladinho, limpíssimo; cada prateleira sendo reposta em minutos. Puxa, tudo funciona às mil maravilhas. E aquela passadinha inocente no mercado, antes de ir pra casa, pra comprar o que está faltando na geladeira, acaba se tornando um ciclo vicioso.

Com a contribuiçao de todos os estudantes e trabalhadores que passam por ali diariamente, antes e depois do trem, o dono do Albert Heijn deve estar feliz da vida, nadando numa piscina igual a do Tio Patinhas.

Os brasileiros aqui apelidaram o mercado de ‘Albertinho’. Fica muito mais simpático assim, já que o nosso dinheiro é drenado pra lá todos os dias. É um tremendo de um monopólio. Se eu tivesse mais tempo compraria em outro lugar (ora, mas é isso que todo mundo acaba pensando e enchendo os cofres do Albertinho!). Que paradoxo.

A rede, além de ocupar as vitrines das estaçoes, também está presente nos rótulos e embalagens dentro de casa. Existe quase tudo com a marquinha AH em todas as despensas da Holanda. Azeite, barra de cereal, cosméticos… A gente podia abrir uma conta diretamente no Albertinho e depositar um fraçao do nosso dinheiro todo mês. Em pouco tempo a gente estaria trabalhando na rede simplesmente em troca de comida! E mais! Eles não aceitam pagamento em débito ou crédito, acho que só dinheiro vivo. Gente, nem o Mundial lá no Rio é mais assim.

Do Rio de Janeiro para Rotterdam

11 de setembro de 2009 § 6 Comentários

Estou inaugurando neste momento o meu diário digital que entra em vigor este mês de setembro, por 4 anos, diretamente da Holanda (com chance de reeleicao para mais algum tempo indeterminado, dependendo do frio, das nossas condicoes financeiras, da nossa sorte etc). O título vem mesmo da falta de inspiracao inicial. A solucão foi então baseada em algumas coisas que mais aprecio aqui: bicicletas (fietsen) e os paes incrementados de salada e carne de ovelha (broodjes, que as vezes podem ser traduzidos como sanduíches), cuja receita árabe é imbatível (o famoso döner kebab ou pita gyros). A partícula aditiva ‘en’ seria o nosso “e” (viram como o holandês é facílimo?).

A língua portuguesa, por sua vez, provavelmente sofrerá alguns desfalques, por falta de teclados adequados aos nossos acentos e cedilhas (me forcando a horas de tentativa e erro em busca de um atalho que permita escrever as palavras decentemente), mas nada que vá comprometer a nossa comunicacao extramarina. Dessa forma também pretendo manter a minha forma na escrita no meu idioma, que já é pouco valorizado no mundo. Se estou sendo muito prolixa, provavelmente isto se deve ao fato de eu estar trocando de línguas o tempo todo, escrevendo trabalhos acadêmicos pela primeira vez em inglês e lendo Ítalo Calvino. 

Este mês ficarei em Rotterdam, pegando trem quase todos os dias para Haia, onde estou estudando – e procurando apartamento com meu namorado. As aulas mal comecaram mas já tenho ótimas impressoes. Nos próximos posts seguem-se as primeiras experiencias como estudante neste país em que sonhei viver e onde a vida nao parece ter mudado tanto em 400 anos, apesar do advento dos trens, do cartao de crédito e da internet.

Saudades do meu sobrinho.

 

Rotterdam da janela

Rotterdam da janela

 

PS.: Sobre comer carne de carneiro, um mamífero tao fofo… quem me conhece deve ter me estranhado. Bom, eu nao como tanto assim. Só uma ou talvez duas vezes por semana. E mesmo assim creio que os bichos sejam felizes  aqui. Eu os vejo sempre pastando tranquilamente nas fazendas ao longo da linha férrea.

Onde estou?

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